Profissionais avessos à inovação
Porque nossas profissões nos limitam à capacidade de inovar e ambicionar patamares maiores e como identificar se você passa por isso
Eu nunca soube dizer que profissional seria
Quando temos em torno de 5 a 8 anos, começam a nos questionar “o que você quer ser quando crescer?”. Você já passou por isso? Ou melhor, se lembra da primeira vez que te fizeram essa pergunta?
Parte 01 - Você faz o que foi programado a fazer
Você foi condicionado a ser uma engrenagem da indústria e nem percebeu
A escola nasceu na Revolução Industrial, junto com isso, esse movimento criou outros famosos centros de agregações humanas, sendo ela parte do quarteto: escola <> quartel e indústria <> prisão.
O seu ócio criativo está do tamanho de um grão de mostarda
Mas antes…
Esta é a sétima edição da minha Newsletter, após um sucesso gigantesco e a quebra do meu recorde de engajamento na edição #6 que, acreditem ou não, fez com que mais de 5 diferentes pessoas me procurassem para abrir projetos inovadores, te dou as boas-vindas a uma nova semana comigo!
Essa Newsletter tem o objetivo de documentar minha jornada até ter um negócio que fature 100 mil reais ao mês de forma líquida, sem me envolver na operação. Ainda não sei como fazer isso, mas quero criar uma comunidade que acompanhe toda minha trajetória e, caso sinta vontade, se coloque em prática também, afinal eu estou partindo assim como você do absoluto zero.
Retomando…
O seu ócio criativo está do tamanho de um grão de mostarda
Nesta condição industrial do século XIX, havia poucas condicionais, sendo elas:
Ou seja, você nasce, vai à escola, de lá, pode escolher entre uma profissão e uma carreira no quartel ou defesa nacional.
Em ambas, no ponto mais otimista, você terá um extremo sucesso e uma incrível quantidade financeira.
Já no ponto mais pessimista, você terá a prisão; no fim, todos vão ao cemitério.
O desafio mais perseguido pela sociedade é, naturalmente, em vida, colocar mais crianças na comunidade, que irão, por consequência, seguir esse mesmo mapa.
O que mudou do século XIX para o atual
A categoria de serviços: essa foi a grande mudança. O autor Yuval Noah Harari, em seu livro Sapiens, retoma o tema falando da evolução humana.
Considerando que crescemos muito similares à vida de um animal, até que passamos a ser caçadores-coletores e trocar os bens que produzíamos pelos bens que outras pessoas produziam, chegamos ao apogeu industriário, onde descobrimos a incrível economia de criar produtos iguais e em larga escala, visando abastecer, praticamente, toda a sociedade com bens como: alimentos, carros, eletrodomésticos, roupas etc.
De lá para cá, o que se tornou incrivelmente relevante, foi o crescimento da indústria de serviço, que começou a fazer com que eu pagasse a você por um texto escrito em um site.com, por exemplo, e apenas isso fosse suficiente para uma troca de valor.
Como seguem as imagens expostas esta semana pelo perfil “Brasil em Mapas”
Onde você se perdeu nesta história
Ainda que seja um profissional da área de serviço, você é formado para uma indústria comercial, que vai limitar o seu crescimento. Todavia, sendo um operário ou um médico, caso você veja seu próprio corpo como meio para criar um valor monetário por tempo dedicado, você terá um teto de crescimento e esse teto vai limitar sua ambição.
Tornando isto palpável com meu exemplo pessoal
Nasci em uma família de profissionais da indústria da moda. Dentro desse setor, podemos dividir a geração de valor entre cinco principais categorias:
Quem trabalha com as mãos
Esta categoria se dá pelos primeiros membros da indústria e, por consequência, mais numerosos. Eles contribuem com seu par de mãos, o trabalho é fazer uma tarefa específica e passar adiante.
Quem trabalha com gestão de mãos
Conforme você seja um ótimo par de mãos para a empresa, poderá se responsabilizar por uma dezena de outros pares de mãos. Dentre essa responsabilidade, precisa garantir que esses profissionais façam exatamente uma única tarefa com suas mãos e passem a diante.
Quem trabalha com cérebro
Caso você comece a intervir, de forma positiva, nas possibilidades definidas para os processos estabelecidos para gestores de mãos, pode ser promovido para “cérebro” de uma área. Ou o “cérebro” por trás da esteira de mãos. Assim, você começa a definir ordens, táticas e processos ligados a gerenciamento de performance, gestão de tempo e diminuição de custos.
Quem trabalha com gestão de cérebros
Dentro de uma organização maior, se você for um “cérebro” muito dedicado, pode ser promovido a líder dos “cérebros!” e poderá olhar as decisões de forma estratégica, pensando um pouco além do semestre atual e visando passos futuros, como por exemplo, ter uma nova “pessoa cérebro” para criar um segundo grande time na empresa.
Quem se responsabiliza pelo bom funcionamento dos profissionais acima.
Caso você seja o melhor “gestor de cérebros”, pode assumir a presidência da empresa ou ser diretor de um desses grupos como um todo sendo o “responsável por marketing” ou “responsável por finanças por exemplo”.
Qual destes profissionais você está mais próximo de ser?
Meus pais estavam entre os grupos 2 e 3. Não ficaram ricos - nem irão ficar enquanto seguirem sua própria profissão. Eles ficarão entre aquele segmento de pessoas da sociedade que conseguiram construir patrimônio, mas não o suficiente para continuarem se sustentando caso parem de trabalhar.
Parte 02 - Do que você tem controle quando faz parte do sistema
Nós somos uma engrenagem desse sistema
Somos apaixonados por segurança, mas que segurança temos? De 6 meses? Você conseguiria ficar 6 meses sem a sua renda mensal atual? E onde isso é seguro? Partindo de outro princípio, consideremos seguro: vale a pena tamanha “segurança” para continuar até o resto de sua vida nisso?
Porque isso te afeta
Recentemente, finalizei os livros Flow, do autor Mihaly Csikszentmihalyi e, um dos muitos dados que me marcaram, foi um dos fatores pelos Estados Unidos terem se tornado o país mais desenvolvido do mundo, e após isso estagnado aos poucos…
Os estudos dele apontam que o tempo fora do trabalho utilizado para a maioria dos americanos tornou-se o fator chave para o seu desenvolvimento.
Vamos fazer uma conta simples… Todos nós temos 24 horas. Você pode ser um empregado que tenha oito horas de sono e gaste em torno de uma hora por cada uma das três refeições que deveria fazer.
Desta forma: 24h -8 (trabalho) -8 (dormindo) -3 (alimentação), assim você ainda possui 5 horas. Sobram 5 horas de vida.
O próprio autor cita no livro que, durante uma parte da história, esse foi um dos fatores importantes que fizeram os Estados Unidos crescerem: o hábito que os americanos tinham de dedicar essas 5 horas a si mesmos diariamente, até que…
Os estudos também apontaram que, pela dificuldade de alocar todas as pessoas em uma determinada função profissional, foi necessário desenvolver um meio de distração em massa para evitar insatisfação e questionamentos ao controle populacional
Assim, os Estados Unidos começaram a ter grandes estímulos para consumir entretenimento, seja de shows, televisão ou grandes modalidades e ligas de esportes. Com isso, aos poucos, a massa econômica que fazia o país ser um motor, passou a ser um grande problema econômico e alto meio de lucro para estas determinadas indústrias.
Parte 03: Onde sua ambição é esmagada
Seu emprego está arruinando, de duas formas, sua capacidade de inovar
Quando seu único ponto focal de energia é o emprego e suas metas profissionais dentro da companhia, você vê que, 8 das suas 24 horas do dia são dedicadas a esta finalidade, automaticamente você vai querer fazer com que todos seus eventos se adequem a isso. Eu também já fiz isso. E não via nada de errado, afinal, todos fazem exatamente a mesma coisa.
O problema por trás dessa atividade é que você já dedicou, pelo menos, 25 anos da sua vida para se capacitar na sua profissão, seja ela qual for, até que, após ficar capacitado, começou a entender que ainda tinha conhecimentos genéricos e, com isso precisava:
1 - Se tornar um especialista
Isso quer dizer, você já sabia o que precisava fazer na sua área em um cunho profissional, mas não estamos mais no século XIX. É fácil encontrar outros profissionais com o mesmo canudo de graduação que o seu e, assim, você foi atrás de uma pós, de um mestrado, de cursos profissionalizantes, até que…
2 - Escolher um segmento de atuação
Você precisou se dedicar a um único segmento e não a tudo que, inicialmente, estava se propondo a fazer na sua profissão, com isso, você agora só passou a atender uma determinada característica de problemas de forma recorrente e, aos poucos, foi se tornando bom nisso… Até que em certo dia…
3 - Escolher uma categoria-alvo para atuar ou empresas de foco
Um supercliente ou uma superempresa te chamou para fazer exatamente a mesma coisa, só que, para as necessidades dela, então esquece um pouco todos os problemas mais ou menos iguais que você fazia e foca só nestes seis ou sete aqui porque eles são realmente complexos…
Forma 01: Um profissional deixa de ser inovador quando está preso a um único contexto
Quando você disse "sim" ao cliente dos sonhos ou ao emprego dos sonhos, automaticamente disse "não” para todos os joules de energia que você tinha soltado em seu dia para “abstrair". E quanto mais sobrecarregado você está em um mundo cheio de problemas em que é a única pessoa que sabe resolver, você está indo muito bem dentro da empresa, mas muito mal para sua vida pessoal.
Aos poucos, seu cliente ou sua empresa vão te moldar exatamente para o que funciona para ela e, pasme: fora dela ou com outro cliente, nada do que você aprendeu vai fazer sentido. Claro que sua experiência é válida, em torno de 15% (em um chute próprio e dedutivo) das habilidades desenvolvidas e que eram ótimas para aquele caso, vão ser utilizadas de novo emprego. 75% dos conhecimentos que você teve daquele segmento de atuação e das ferramentas que utilizava, dos laços profissionais que construiu, das metodologias que funcionavam de acordo com sua necessidade… Tudo isso fica com a empresa e, talvez esse seja o preço mais caro de ter que dedicar a sua carreira a um único cliente ou corporação.
Forma 02: Visão Negócio First ou Método First
Ninguém dentro de uma empresa vai chegar e te questionar sobre seus métodos. Ou farão isso com baixíssima frequência. Eles querem que você entenda da visão para onde o negócio quer ir e querem que você entenda qual o método precisa para desenvolver o seu trabalho…
O problema é que a visão do negócio não é pensada em você, muito menos o método que foi preestabelecido para se chegar a algum lugar.
Sua voz não faz a mínima diferença dentro de um negócio, afinal, outras pessoas podem estar lá fazendo o que você faz, tendo uma visão alinhada com o segmento ou que saiba se desenvolver dentro do método da empresa.
Esses dois pontos são ideais para você começar a ter problemas de autoconfiança e, quando alguém pergunta: “Por que você não faz exatamente isso para outras pessoas?”, “Por que não abrir um negócio que torna tudo isso que você faz mais fácil?” Você sente que tem pouco a agregar na resolução destes problemas…
O motivo são as 8 horas diárias em que você será condicionado a pensar que está no lugar certo, que encaixou como uma luva, que o time não funcionaria sem você… E ao mesmo tempo, não vai conseguir tomar uma decisão sem ter inúmeras validações, seu encaixe vai ser cobrado o tempo inteiro, o time sabe onde você não entra e evidenciam isso uns aos outros
Parte 04: O jardim de grama verde
Faça você mesmo seu jardim
É preciso ver seu emprego ou o supercliente que você atende como meio para uma jornada que será sua, não o caminho para a vida eterna profissional.
Defina você como quer crescer
Avalie se o seu cliente está pronto para crescer na mesma proporção que você. Analise se a empresa quer dar espaço para se desenvolver da mesma forma como você quer crescer na sua carreira.
Já presenciei empresas que não tinham espaço para profissionais na minha área com a capacidade que eu estava me desenvolvendo para ter. E quando obtive essa capacidade, solicitei que meu salário fosse ajustado para o ganho estratégico que eu representava para a empresa, recebi a resposta “a partir do seu salário, só ganha um aumento se mudar de atuação".
Não abra mão de regar suas flores
Dias quentes criam secas, que fazem com que plantas morram. Se não for na sua empresa, será na sua vida pessoal. E você precisa evitar assumir a responsabilidade - muitas vezes imposta - para conseguir com que um jardim não morra dentro da companhia, afinal, mais do que suportar o jardim dentro da empresa, você precisa garantir que o seu está se tornando mais bonito.
Acredite, não vai chover novas sementes
A fórmula da inovação no seu dia a dia não vai surgir dentro das metodologias da sua empresa nem dentro da visão de negócio que eles projetaram para você desenvolver. A inovação vai aparecer quando você pegar tudo na sua vida, amassar, jogar no lixo e começar do absoluto zero.
“Inovar é um processo de todos os dias, é abrir mão das suas habilidades por algumas horas de ignorância, nestas horas de ignorância, busque aprender tópicos dos mais variados possíveis, sem nenhum objetivo estruturado. Até que, repetindo essa prática, em um dia, as coisas se conectem. Quanto mais pressa você tiver, mais tempo vai levar para os resultados aparecerem.”
Enzo Dulius
Quantas vezes, na sua empresa, um especialista com pressa, teve uma ideia brilhante que mudou a forma de trabalhar de um time todo, de uma área, talvez até da empresa? Por que isso não aconteceu?
Ideias boas não combinam com sentimento de especialista, muito menos com a pressa.
A verdadeira forma de conseguir inovar com constância
Um grande artista não tem objetivo de inovar um certo número de vezes em um ano, muito menos sabe qual a metodologia certa para se chegar a uma fórmula inovadora de tinta sobre tela que irá criar um ícone.
Porém, um artista, por inúmeras vezes, olha para um quadro branco e diz: “E agora?”
Suas cinco horas diárias devem ser investidas para pensar no que deveria ter assumido a ignorância previamente antes de precisar saber.
Novas conexões neurais ocorrem em novos momentos
Quantas vezes você já abriu mão dessa sua rotina quadradona, para tentar uma conexão neural nova? Vou dar alguns exemplos:
Acordou e colocou uma música estranha?
Fez o café da manhã em uma ordem diferente?
Esqueça o café… e se você começar por um chá?
Que tal desligar o Waze e ver quanto tempo você leva até o trabalho?
Imagina que maluco se você cumprimenta apenas quem não conhece!
Já olhou o formato que a sola molhada faz no chão seco?
E se, através da janela que você abre todo dia, tiver uma resposta…
Que tal mudar o estilo de podcast?
Você pode optar por inovar todos os dias
A escolha é sua: ser uma engrenagem do sistema ou ser uma peça única. Você tem, em torno de cinco horas diárias para se perguntar “Como eu posso me tornar único? A empresa quer ir para o mesmo lugar que eu? Quantas vezes me perguntaram para onde minha ambição aponta?”
Aponte para algo novo
Não se cobre para ver o alvo, a vida não vai ser tão exata quanto a sua empresa te fez acreditar ser possível, só vire para um lado, mire e atire em uma nova direção… Enquanto a flecha corre, você vai vendo se por lá tem algo para acertar. E, se não for de primeira… Fique calmo! Amanhã você tem mais 5 horas.
Conseguiu sentir o que eu quis dizer com a fala "somos uma engrenagem do sistema"?
Isso fez sentido para você? Me conte nos comentários e, se você conhece alguém que é assim, manda pra ela… Talvez esteja na hora dela começar seu próprio jardim.
Estou feliz demais que você chegou até o fim, sério, você precisava ler isso! Já que chegou até aqui, deixe seu e-mail e, semana que vem na segunda-feira, às 09 horas da manhã eu te mando mais um texto, que tal!?